quinta-feira, 11 de abril de 2019

Oregon 2010: Parte 3


No episódio anterior da Viagem de Oregon, vocês acompanharam minha primeira saída altamente turística em terras estadunidenses, onde visitei as cachoeiras que contornam a divisão entre os estados de Oregon e Washington. Como todo mundo trabalhava e só eu estava de férias, comecei a me programar para fazer alguns passeios sozinhas.

Na entrada da parte africana.
Lindo esquilinho.
Comecei a visitar bastante o centro de Portland. Lá, um transporte bastante utilizado é o TriMet, uma espécie de trólebus que vai passando em vários lugares importantes e é muito fácil de entender. Nessa época, o preço era de 5 dólares e valia para o dia todo. Não me lembro se continua o mesmo. Com ele, eu visitava bastante o shopping, assistia a alguns filmes no cinema e ficava chocada com a beleza das pessoas da rua. Um dia estava passeando pela calçada e um garoto me cantou com a seguinte frase: "You have a beautiful smile". Fiquei completamente chocada com o decoro, que contribuiu muito para a mentalidade: "Ah, mas lá nos Estados Unidos, as pessoas são educadas", "Ah, mas nos EUA, as pessoas não sujam o chão", "lá nos EUA, eles fazem cocô mais limpo e é assim e assado".

Um lindo tigre.
Um grande passeio que fiz foi visitar o Zoológico de Oregon. Meu primo me deixou em uma das estações do TriMet e falou que a estação do zoológico era 4 ou 5 estações depois e que eu iria ver o nome "Zoo" aparecer na telinha do vagão. 
Um suriccata. Timão.
Quando passou a quinta estação e eu não vi o "Zoo" aparecer, me desesperei e saí do trem em uma estação completamente nada a ver, óbvio que não era ali e que eu deveria ter esperado pacientemente dentro do conforto do trenzinho. Saí da estação (sorte que o bilhete do trem vale de qualquer jeito) e não tinha uma alma viva. Até que apareceu um senhor e eu resolvi me informar com ele sobre como eu fazia para ir até o zoológico. 
Bumbum de zebra.
Carinho na ovelha.
Para entender qual direção eu estava tomando, ele me perguntou: "Are you coming from dowtown or uptown"? E na minha cabeça, isso significava apenas uma coisa: que ele tinha percebido pelo meu sotaque que eu não era dos EUA e, curioso, queria saber a minha nacionalidade! Ao que eu respondi: "I'm from Brazil". Percebendo que não era nada disso que ele queria saber, complementei, por muita sorte: "So I'm lost". Aí ele me explicou que era só voltar para a estação da qual eu tinha saído e pegar o próximo trem, que me levaria lá. Não precisava também ter perguntado de onde eu estava vindo, se o caminho era o mesmo, mas foi engraçado e valeu para eu aprender como as pessoas se localizam por lá.
Naquela época, eu não tinha tanta aversão como tenho hoje por zoológico. Os bichos são muito bem cuidados, claro, mas não mereciam estar ali, enclausurados. Uma pena. Enfim, vi uma porção de bicho que nunca tinha visto, porque não tem aqui no Brasil, como um urso polar, javali comendo sujeira da bunda um do outro, tigre, suricata, lontra (comendo algo muito estranho, que parecia uma outra lontra), e passei a mão em lindas ovelhinhas e cabrinhas.
Pumba comendo sujeira de bunda.
Tenho o vídeo também do elefante fazendo truques e ganhando comidinhas em troca. Depois de assistir o novo Dumbo, dá ainda mais tristeza de ver esse vídeo, mas torço pro elefante ou a elefante estar feliz.

Elefante fófis.
Pouco tempo depois, fui ao OMSI, o museu de ciência e indústria de Oregon, e fiquei maravilhada, porque pela primeira vez, vi um fóssil montado de um tirannossauro rex. O Samson é um dos fósseis de tiranossauro mais completos que existe hoje em dia e tem 66 milhões de anos, foi escavado pouco mais de 15 anos atrás em South Dakota. Quem me conhece sabe que tive uma boa fase "dinossauros". Foi quando li Jurassic Park e quis, com muita força, virar paleontóloga ou trabalhar com biotecnologia. Mas quando isso aconteceu, eu já estava na metade do terceiro ano do colegial e não dava mais tempo de voltar a estudar química desde o zero a ponto de prestar vestibular direito e tirar uma boa nota nessa disciplina. Até hoje, química é a minha arqui-inimiga das matérias. Até álgebra faz mais sentido para mim do que química. Até hoje não sei por que a gente tinha que ficar equilibrando as equações... equilibrar o quê? Qual é a praticidade disso no mundo real? Não consigo visualizar. 

Close no Samson.
SAMSON.
Fora conhecer o Samson, havia várias atividades para fazer, como simulação de terremotos, jogos interativos com ciência, fósseis de tigres dentes-de-sabre e cinema iMAX. Acho que foi minha primeira experiência com uma sala tão gigante de cinema. Foi ótimo para o meu inglês, porque como não tinha legenda, tinha que entender tudo! Lembro que em uma das sessões - eram sessões sempre educativas, eu assisti uma de dinossauro e uma de oceano que era dublada pela Kate Winslet e o Johnny Depp, se não me engano - eu estava na fila com um cara e seu filho. Aí eles nos liberaram para entrar e não tinha uma alma viva dentro da sala. Centenas de assentos e só nós 3 para assistir. Aí o cara falou: "Wow, I hope we can find us a seat". E eu dei muita risada, porque foi uma das primeiras piadinhas do mundo real que vivenciei e entendi. Eu tinha ainda muita dificuldade de compreender o que falavam quando eram comentários rápidos ou quando tinha muito barulho em volta. Na sessão do oceano, apesar de muito legal, eu dormi. Não aguentei, muito sono, aquela vozinha tranquilizante. Eu comi um hot-dog esse dia, lembro também. Eu gostava muito dos hot-dogs de lá, porque são gostosos mesmo sem molho e purê, porque a carne é de muito mais qualidade.

Mesa caprichada do André.
Para encerrar a parte 3, meu primo e seu marido fizeram uma festinha na casa deles. Não me lembro do quê, certamente não era de aniversário. Mas eles ficaram o dia inteiro preparando as comidas. Lembro que ajudei a fazer várias casquinhas de siri, e estava com muito vontade de comê-las. Sem querer, derrubei vinho, acho, em cima delas, e fui forçada a comer todas que foram afetadas. Muito Deus-me-livre-mas-quem-me-dera. O Jason fez caipirinhas muito deliciosas, estilo americano. Conversei com pessoas e cometi uma gafe imperdoável de trocar a palavra com b pela palavra com n. Logo me desculpei, pensei muito antes de falar, mas deu um bug, já que aqui no Brasil é ao contrário, e fiquei com muita vergonha. Mas depois recuperei fazendo um monte de pessoas rirem. 

Em breve iremos para a parte 4. Uma infelicidade que cada dia menos gente lê o blog. Mas a vida é assim. O importante é fazer o que gosta.



Nenhum comentário:

Postar um comentário