Carnachuva

Visão da janela da chácara

Para gente como eu, que não tem interesse em pular Carnaval, é uma alegria imensa quando chove. Já acaba com qualquer ideia de dar uma caminhada ou fazer qualquer esforço físico. Aí é bom demais, porque você pode jogar The Sims o dia inteiro sem aquele sentimento de culpa proveniente da pressão que temos para aproveitar o dia. 

É muito bom que, por ser no verão, é quase que uma obrigação ir para a piscina, andar de bicicleta e fazer essas atividades cansativas. Chuva vem como pretexto líquido para eu fazer o que eu realmente gosto: nada. Brincadeira! É bom para assistir filme, ler e ficar mexendo no computador, que são atividades de inverno.

A chácara vizinha super chique

Lembro que no Orkut, tinha uma seção de "Turn-ons" e eu sempre deixei selecionado: "Thunderstorms". Adoro muito porque dá uma adrenalina danada ver todo mundo correndo para tirar as roupas do varal, cobrir a mesa e guardar os livros para não molhar. Quando acaba a luz então é o mais divertido! Eu me sinto viva de ter que ficar presa dentro de um aposento com meus familiares sem a possibilidade de fazer outra coisa senão conversar. 

Eu não gosto de muito parente, mas quando as tempestades ocorrem, estou sempre com a família mais próxima, que é legal. E durante aqueles 30, 40 minutos que a força não volta, temos o desafio de conversar e achar algo em comum entre nós para falar. Desprovidos de tecnologia, nos encontramos no desafio de nos entretermos com as pessoas em nossa volta e manter o bom humor e o clima de bem-estar.

Tem duas coisas que eu odeio. Uma eu odeio fortemente e outra eu odeio mais ou menos:

A que eu odeio mais ou menos são pessoas que estragam o convívio do ambiente militando mais do que o necessário. É a típica discussão com parentes super religiosos, racistas, homofóbicos e bolsominions que acho que toda a família brasileira tem. Não estou dizendo que é errado debater, pelo contrário, acho que tem mesmo que abrir a mente-fechada dessas pessoas. Mas às vezes convém mais tratar o tema com humor ou desviar do assunto do que começar a gritar com a vó de 93 anos do interior que ela é racista e que precisa mudar do dia para a noite tudo que ela aprendeu como certo na vida. Eu toco piano, então quando eu acostumo a tocar uma nota de uma música com certo dedo e depois descubro que está errado, é praticamente impossível corrigir. Aí, sei lá... Vale a pena desunir a família por conta disso? Eu acredito que não. Mas certamente tem pessoas que merecem levar um block ou serem jogadas ao vento, como faziam na novela O Clone.

Agora a coisa que eu odeio fortemente é gente com cara de bunda. Em qualquer lugar. Às vezes, você chama uns amigos para sair, aí começa a ficar entediante para eles e nem disfarçam. Se não quer estar aqui, vai pra casa, linda! Porra, não percebe que você deixa todo mundo ao seu redor tenso, tendo que tirar ideias do cu para fazer você esboçar um sorriso? Se é pra sair pra ficar só olhando o celular também nem vai. Ah, faça-me favor. Tem gente que se acha o ser mais importante da roda e que todo mundo está ali de palhaço para fazer rir e entreter. Seria extremamente desgastante, sem falar impossível, manter a pessoa entretida durante uma saída inteira se ela não estiver disposta a contribuir.

Pior que essas pessoas nem devem notar que estão agindo como grandes orifícios anais.

Meus avós fazendo guerra de rodo x vassoura

Eu tenho ficado mais seletiva com amizades e tenho sorte por não ter vivenciado mais essas experiências. Espero que vocês também. E só para concluir: não gosto de pular Carnaval porque tem muita gente que vomita e eu tenho emetofobia. Fora o desconforto que é ficar de pé sem poder ir a um banheiro decente. E como meu gosto musical, diferente do meu gosto por filmes, não é tão da massa assim, fica difícil gostar. Por isso já nem vou para evitar ficar com cara de nádegas na frente dos meus amigos. Prefiro descansar e cansar de tão descansada que eu estou com minha família aqui na chácara.