sábado, 30 de março de 2019

Oregon 2010: Parte 1

Como mencionado no post anterior, resolvi fazer uma coluna das minhas viagens. Vou fazer um resumão das viagens internacionais, que foram as mais marcantes, mas também pretendo escrever sobre as nacionais que eu fizer daqui em diante. Isso tudo a pedidos... de uma pessoa, que na verdade só concordou que era uma boa ideia. É bem gostoso escrever sobre viagens e take a trip down memory lane.

A minha primeira viagem internacional, que foi para Oregon, nos Estados Unidos, estava detalhadamente documentada no meu Fotolog. Resolvi buscar essas informações e descobri, para minha infeliz surpresa, que o Fotolog foi desativado. #Xatis. Mas isso não vai me impedir de trazer a informação aqui para vocês.

Essa foi a minha primeira viagem sozinha e, infelizmente, eu era menor de idade (para eles, porque eu tinha 19 anos). Então essa viagem foi mais para entender como funcionava o mundo de um viajante e que eu precisaria ser mais responsável e mais auto-suficiente nas próximas vezes. Lembro-me que no aeroporto, quando já estava no portão de espera para o avião, conheci um cara que ia também para Oregon, e que era de lá, que puxou papo comigo. Como não falava inglês 100% ainda, usei a expressão "Thanks God" e ele me corrigiu educadamente, informando que era um erro comum de brasileiro e que o certo era "Thank God". Até hoje tento corrigir as pessoas que insistem em postar hashtag #Tksgod, mas algumas pessoas não olham meus posts de indireta, então não adianta.
Uma captura do meu quarto e de como eram minhas noites, agarrada com os cães.
Foi um mês de viagem, onde fiquei hospedada na casa do meu primo, em Beaverton, OR. Fui no dia 19 de janeiro, um dia depois do meu aniversário, então estava bem frio, porque era no  meio do inverno. Mas o clima, segundo os estadunidenses, estava como o  tempo da primavera, bem agradável. Não nevou uma vez. 
Eu dormia no quarto dos fundos, maravilhoso e super aquecido, com os cachorros fófis: Maya e Shilo, que atualmente não estão mais neste mundo infelizmente. 
A Princesa Maya, com sua coroa.
Eu agarrando e dando beijinhos no Shilo.
Eu não saía muito, ficava bastante tempo em casa e dependia muito dos adultos me levarem para sair. Então criei muito vínculo com os cachorros. Não lembro muito bem se eu saía com eles para passear, mas ficava quase o dia inteiro no quarto assistindo Family Guy. Como eu ainda tinha minha  boxer Shena, acabei criando mais vínculo com o Shilo. Fui até incubida de dar banho nele e escovar seus dentinhos um dia. O Shilo era um boxer resgatado, com nariz tortinho, muito fofo. Lembrava um pouco o Seu Madruga. A Maya já era mais reservada e ficava com os adultos. Os dois eram loucos por guloseimas - e coisas não comestíveis que eles consideravam como comida - e eu tinha que deixar qualquer coisa "engolível" no alto para que eles não pulassem e pegassem. Não podia deixar bala dentro da mochila no chão, por exemplo, eles dariam um jeito.

Aprendendo a fazer cookies.
Eu aproveitava cada oportunidade para ir ao mercado ou ao shopping. Conheci então a Target e fiquei maravilhada com o preço das coisas. Comprei um monte de cacareco e roupa e ficava usando as compras durante o dia. Os cachorros me faziam uma ótima companhia e eu ficava treinando meu inglês com a TV sem legenda. Considero que Family Guy é um grande responsável para a formação do meu inglês como ele é hoje em dia. 
Meu primo é chef, então ele fazia muitas coisas gostosas para eu comer. O marido dele me ensinou a fazer cookies, uma receita que hoje em dia tenho maestria em não conseguir fazer. Quando não sai duro e queimado, eles amolecem e ficam grudados uns aos outros, como se fosse uma grande pizza de bolacha.
As ruas de Beaverton.
Como primeira viagem, o que aconteceu principalmente foi muito choque sobre como as coisas eram diferentes lá. Muita coisa era melhor, claro, mas eu comecei a perceber ali como eu adorava o Brasil também. Ao longo dos anos e das viagens, tive várias fases desse pensamento, mas nessa viagem teve aquele senso de patriotismo que acomete muitos brasileiros que não moram no Brasil: "Porque no meu país, eu já posso beber.", "No Brasil, tem coxinha e catupiry", "Porque a pizza do Brasil é muito mais recheada, e aqui tudo é apimentado", "Vocês não sabem fazer churrasco", dentre outras coisas. Eu também não tive muito contato com pessoas da minha idade, então sentia falta dos meus amigos com quem eu podia contar piada e rir. Achava que lá nos EUA eu não teria isso. Porém, em compensação, os ônibus escolares eram amarelos! UAU! Você pode passar suas próprias coisas no mercado. Os caras são muito, mas muito mais bonitos, desde o menino que tirava o lixo do mercado até o peixeiro. E os atendentes são muito educados, não ficam com aquela cara de bosta, e eles vêm até você, não precisa criar um escarcéu para um deles vir te atender de má vontade.

T-Bird Sanctuary
Nas primeiras semanas lá... acho que no segundo dia, inclusive, meu primo me levou para visitar um Santuário de Pássaros. Hoje em dia, eu teria aproveitado mais, porque estou nessa fase de louca das aves, querer distinguir o nome dos pássaros pelo canto e tals. Uma das coisas que mais vislumbrei foi a diferença da natureza entre os países. Esses pinheiros, as coisas frias, os riachos... Achava tudo muito lindo! Não melhor, apenas igualmente lindo. E diferente. Agora algo infinitamente melhor era o trânsito. Simplesmente não tinha trânsito, era tudo livre. Ficava até inconformada quando alguém reclamava do trânsito. Como trânsito? Tem 2 carros na sua frente andando na velocidade máxima permitida, isso não é trânsito. 
No fim de semana, saímos os três para visitar a praia de Cannon Beach. Lembro que um dia antes, liguei pra minha mãe e contei que ia para a praia no dia seguinte e ela respondeu: "Ai, e agora, que você não levou biquíni"? Eu dei risada, porque tava um frio absurdo. Se alguém se atrevesse a entrar naquela água de biquíni, seria morte certa.
Apesar de eu saber que o frio mais leve de lá era o maior frio do Brasil, fui toda confiante. Não levei gorro nem nada, mesmo meu primo aconselhando que eu sentiria frio. Na verdade, eu levei, mas deixei no carro, porque ia ser de boa. Mal sabia eu que a praia é um universo diferente de onde você estaciona o carro. Minhas orelhas imediatamente congelaram e, por sorte, meu primo careca ofereceu o gorro dele pra mim. Aceitei sem titubear. 
Segundos antes de congelar.
Minhas mãos ficaram no bolso o tempo todo - as luvas também haviam sido deixadas no carro. Eu estava passando muito frio, mas sentia que a viagem teria sido à toa se eu não tocasse com a mão nua as águas do Oceano Pacífico. Com muita relutância, tirei a mão do bolso e encostei a pontinha dos dedos no mar. Instant regret. Os dedos ficaram duros e doloridos, parecia que eu tinha levado um choque. Imagina como o pessoal do Frozen deve ter se sentido quando a Elsa irresponsavelmente deixou o reino de Arendelle coberto de neve. Ficava inconformada com as gaivotas tontas nadando no gelo.
Limpando a areia do tênis.
Super acostumados com o frio que faz lá, eles instalaram um negócio para você tirar a areia do tênis. Engraçado pensar que as pessoas vão à praia vestidas. É tão fora da nossa realidade que não demora pra nossa ficha cair.
Ao menos consegui uma foto bonita, sem gorro e com as mãos para fora. A praia foi definitivamente uma das coisas que, comparadas ao Brasil, aqui é melhor. Já pensou não existir aquela expectativa de ir à praia quando chega o verão? Porque lá, mesmo no verão, a água é gelada. E não tem quiosque vendendo Skol e espetinho de camarão, certamente. 
Praia de Cannon Beach,
uma Aventura Congelante.
A praia de Cannon Beach é conhecida pela Haystack Rock. A rocha tem 72 metros e aparece em vários filmes, incluindo aquela trilogia horrorosa dos vampiros que brilham no Sol e ficam brincando de ir para a escola mesmo tendo 100 anos de idade. Para os amantes da natureza e de geografia, é um lugar muito interessante. Uma pena estar tão nublado no dia que fomos. Tenho bastante vontade de voltar a visitar a praia no verão para ver a diferença. As rochas são formadas por basalto, provenientes dos fluxos de lava das montanhas, e receberam a forma atual cerca de 15 a 16 milhões de anos atrás. (Os dinossauros já haviam sido extintos).
Haystack Rock

Tillamook Cheese Factory
Para finalizar o passeio, eles me levaram para visitar a fábrica de queijo Tillamook Factory. Engraçado que meu primeiro contato com o queijo foi na vinda de avião. Eles deram um queijinho para acompanhar nosso jantar no avião e eu, que nem sou muito fã de queijo, adorei. Muito cremosinho e sem frescura, como um bom queijo deve ser na minha opinião. 
Não sei se foi no mesmo dia, mas visitamos restaurantes super bacanas à noite. Lembro que comemos pizza em Portland (capital de Oregon) em um lugar que era decorado com madeiras provenientes de montanhas-russas. Ou eram apenas quadros vintage de montanhas-russas, preciso verificar. Mas Portland é uma cidade super gastronômica e vale a pena visitar só pelas comidas diferentes.

Em breve, seguirei com a parte 2 da viagem de Oregon. Um bom fim de semana aos leitores.







2 comentários:

  1. Curti! Não vejo a hora de chegar o post das Filipinas!

    ResponderExcluir